Prudentes como serpentes e simples como pombas

"Que vontade de excluir meu Facebook, Instagram, Whatsapp... Excluir tudo!” Quem nunca pensou dessa forma algum dia? Eu, várias vezes! Mas nunca fiz isso. Tem quem fique sem usar as redes sociais por alguns dias, faz uma penitência, mas volta cheio de saudades. No ardor da chateação, alguns fecham os perfis, mas quando os ânimos abrandam, voltam a interagir.

Sair das redes sociais não vai acabar com todos os dissabores da vida, já que a virtualidade é apenas uma extensão da realidade. Em todos os lugares, iremos nos deparar com pessoas e/ou assuntos que nos chateiam, incomodam e perturbam. Acho que a vivência on-line é até mais fácil de lidar em alguns casos. Se não gostei de algo, tenho a opção de escolher não ver nunca mais postagens relacionadas a isso. Mas, se no meu caminho para o trabalho tem um outdoor que não me agrada, ele estará ali até que o contrato comercial expire, ou seja: não posso fazer nada.

Mas, como devemos lidar com certos assuntos e pessoas, tanto na vida real quanto na virtual? Não é fácil. Temos uma enorme dificuldade para estabelecer uma sintonia saudável com certas pessoas. Frente à telinha, nunca sabemos quais as reais intenções de quem está do outro lado e por isso, ainda não há nada melhor do que “olho no olho”.

Prudentes como serpentes e simples como pombas. É Jesus quem nos ensina como devemos agir com relações às pessoas (cf Mt 10,16).

A prudência é necessária para tudo e nos protege de muitas ciladas. Uma pessoa prudente é aquela que pondera todas as situações, discerne as reais intenções e decide com responsabilidade. Uma pessoa prudente não é facilmente enganada, passada para trás ou manipulada por outras.

Ser simples não quer dizer desprovido de inteligência, mas aquele que age com boas intenções de coração. Sinceridade, paciência e tolerância são qualidades dos simples. Na prática, o que é ser prudentes como serpentes e simples como pombas? Na observância.

Devemos ser observadores dos comportamentos de pessoas com as quais nos relacionamos. Estarmos atentas(os) ao modo como determinadas pessoas tratam as outras. Devemos nos cuidar e não mantermos estreita relação com os bajuladores, fingidos, manipuladores, mentirosos, fofoqueiros, invejosos, orgulhosos, egoístas. Ser prudente é distinguir quem são essas pessoas e manter distância.

Para melhor entender o que é a simplicidade, recorri ao dicionário on-line para sinônimos: modéstia, naturalidade, singeleza, elegância, franqueza. Uma pessoa simples, não pode ser definida como uma pessoa boba e ingênua. Não é isso. Ser simples é ser descomplicado, transparente.

Portanto, Jesus nos ensina que devemos nos dar bem com todos, mas também termos cautela com certas pessoas. A melhor forma de nutrirmos boas relações é identificar as afinidades. Embora seja na adversidade que aprendemos e ensinamos, crescemos e edificamos pessoas; é na afinidade que encontramos paz. Relacionarmos-nos com pessoas que têm os mesmos interesses, as mesmas metas, os mesmos propósitos e, principalmente, a mesma crença, contribui para nossa saúde mental e física. Viver o tempo todo justificando nossas convicções é muito desgastante. Estar constantemente conflitando ideias é desperdício de tempo e energia que poderiam ser investidos de forma simples, descomplicada.

Precisamos ter por hábito ler os conselhos bíblicos para as boas relações. O Antigo Testamento está repleto de orientações para viver bem. Jesus anunciou a boa-nova e nos ensina tanto no Novo Testamento!

“A nossa história de vida deve estar constantemente recomeçando. Isso significa que situações melhores na convivência são possíveis de acontecer. Uma luz para isso pode ser encontrada na Palavra Divina, a qual mostra os condicionamentos do ser humano, como também sua capacidade de estar sempre se revitalizando.”

Márcio Mendes

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